A aldeia de Alvoco das Várzeas desenvolveu-se num núcleo consolidado, orientado a sul, na margem direita do Rio Alvoco, entre a várzea e a montanha.

O enquadramento paisagístico de Alvoco das Várzeas é singular, a paisagem edificada encontra-se intrinsecamente ligada aos elementos naturais, como o rio Alvoco, as levadas, a várzea, o vale, a serra, a floresta, os pastos, o granito e o xisto.

O lugar de Alvoco foi ocupado por celtas, romanos e árabes, devido, talvez, à proximidade das explorações mineiras existentes nas várzeas do Rio Alvoco, comprovando-se pelos vestígios que ainda hoje subsistem, como mós e legados antroponímicos.

Ao nível do património cultural religioso, destaca-se a Igreja Paroquial, do século XIX, de tradição regional setecentista; a Capela de S. Sebastião; a ermida ou Capela de Nossa Senhora da Luz, localizada no Parente (limites do Parque Natural da Serra da Estrela), obra de arquitetura contemporânea do século XX, construída com materiais tradicionais (xisto e madeira de castanheiro), e as Alminhas do Terreirinho, à saída da povoação, na estrada para a Carvalha, que, na superstição popular, são locais onde se reúnem as bruxas para o ‘congresso’.

No campo arqueológico, a freguesia é rica em vestígios. As Buracas dos Mouros, no Parente, que embora, popularmente se atribuam aos ocupantes árabes, será mais lógico que fossem abertas pelos romanos para extração de minério. São conhecidas as entradas da Geiriça e da Salina ou Salinha, vestígios pouco visíveis da estrada romana que ligava Porto da Raiva – Foz do Alva à Covilhã. O Pisão do Linho, que se destinava aos trabalhos de preparação e fiação do linho, perto da “ponte romana”. Os moinhos movidos a água do Parente, ribeiras, ribeirinha, Volta, Moenda (em funcionamento desde o século XVIII, agora pertencente à Quinta da Moenda); regada e Chão do Paulo, nas margens do Rio Alvoco. As levadas, uma com cerca de sete quilómetros com origem na Vagem do Enxerto, na freguesia de Vide e outra, com cerca de quatro quilómetros, formam um sistema de irrigação comunitário que remonta provavelmente à época romano-árabe e que se encontram ainda hoje em pleno funcionamento.

Quanto ao património civil, destacam-se: os cruzeiros da Ponte e do Adro; o centro histórico de Alvoco das Várzeas; a certamente abastada Casa da Pomba, do século XVIII (com inscrições e figuras em baixo-relevo no granito do portão); a casa senhorial chamada Casa de Baixo, com interesse arquitetónico; a Casa do Tribunal, onde antigamente se efetuavam os julgamentos locais; a Quinta da Moenda, do século XVIII, antigo assento de lavoura constituído por três edifícios (um lagar de vara de 1770, um moinho e uma destilaria) reconvertido para turismo rural; a gótica “ponte romana” sobre o Rio Alvoco, assim conhecida por tradição popular, mas que deverá ter sido construída no século XIV; as fontes da Amoreira e da Barroca.

Ao nível dos valores naturais destaca-se a variedade da fauna existente nas margens e encosta do Alvoco, lontras, garças, pica-peixes, guarda-rios ou martim-pescadores, trutas, cucas, pim-pilros. Ao nível da flora, destaque as espécies autóctones (carvalho, pinheiro, azevinho, medronho, salgueiro), nomeadamente nas encostas da Presa e Barreiros (viradas a norte).

Quanto ao património imaterial e valores culturais e etnográficos imateriais, Alvoco das Várzeas é uma das povoações do concelho de Oliveira do Hospital mais rica em lendas de bruxas, lobisomens, princesas, amores eternos, saudades… de tudo um pouco a população se foi servindo ao longo dos tempos para contar histórias, umas de encantar, outras de arrepiar. Curiosas são as Alminhas do Terreirinho que segundo a superstição popular é um local onde se reúnem as bruxas para o “congresso” e “ações de formação”, situada à saída da povoação, na estrada de Alvoco das Várzeas para a Carvalha.

Todo o património imaterial acústico tem sido alvo de recuperação e recolha pelos grupos de cantares locais, tendo sido uma parte publicada no 'Cancioneiro Tradicional de Oliveira do Hospital', da autoria de Francisco Correia das Neves e editada pelo Município de Oliveira do Hospital. O projeto 'Sons de Alvoco – paisagens e marcos sonoros do vale do Rio Alvoco' é uma plataforma inovadora de recolha fonográfica das paisagens e marcos sonoros de Alvoco, tanto naturais como das artes, ofícios, lendas, contos e cantigas, preservando e divulgando um legado e uma memória coletiva sonora.

Partindo do projeto “Sons de Alvoco”, e em parceria com as várias entidades locais (juntas de freguesia, grupos e coletividades), organiza-se desde 2010 anos, o evento ‘Tradição e Transmissão - A Cultura Popular da Freguesia de Alvoco das Várzeas’. A iniciativa estende-se normalmente por mais do que um dia, contemplando temáticas tão diversas como o cinema com temas sobre a região, as paisagens sonoras, a divulgação do cancioneiro popular através de concertos com grupos corais e de cantares locais, a fotografia e a poesia local e de autor, onde a nova poesia de autores locais encontra aquela outra que ao longo do tempo se tem escrito sobre Alvoco. Este evento tem como objetivo a preservação e divulgação do património cultural imaterial da freguesia, transmitindo-se, assim, a tradição de forma inovadora.

Anualmente, realizam-se as “Festas do Rio”, local privilegiado de mostra de competências da freguesia de Alvoco das Várzeas, onde estão representadas as diversas coletividades, artesãos e atividades económicas locais.

Alvoco das Várzeas mantém uma forte presença das vivências tradicionais ligadas à herança e ao património coletivo. Destacam-se as vivências ligadas à valorização e preservação da paisagem natural, como também do património construído, incluindo o monumental e o tradicional, até às artes e ofícios tradicionais e vernaculares.

O regadio comunitário de dimensões consideráveis, a presença ativa da Junta de Agricultores de Regantes de Alvoco das Várzeas, bem como a Cooperativa de Agricultores, a Junta de Compartes dos Baldios e a CAULE – Associação Florestal da Beira Serra são alguns exemplos da manutenção dos valores tradicionais ligados à biodiversidade, pastorícia, agricultura, floresta e rios. A agricultura encontra-se bastante presente, mantendo-se o sistema de regadio comunitário, as levadas, os açudes, os palheiros e os socalcos.

A Praia Fluvial de Alvoco das Várzeas está classificada como Praia Acessível. Para além desta distinção, é Bandeira Azul desde 2014, obtendo Bandeira de Ouro desde 2019, sendo também Praia Acessível e Praia Fluvial do Xisto.

A Quinta da Moenda, antigo assento de lavoura, constituída por três edifícios, um antigo lagar de vara de 1770, um moinho e uma destilaria (com respeito pelos volumes e arquitetura originais) é hoje uma unidade de turismo em espaço rural. Junto a este alojamento turístico, existe um açude onde o rio se alarga oferecendo uma bela perspetiva do vale em direção à Serra da Estrela.